GUNAS - As Qualidades da Mente

Os Gunas são as forças que compõem a natureza e a criação. São as qualidades que representam todos os fenómenos. 
São subtis, porque são intangíveis, não são de natureza física. Podem ser perceptíveis pelos órgãos dos sentidos subtis ou o nosso sexto sentido.


São eles: 
  • Sattva: o princípio da harmonia, pureza e luz; 
  • Rajas: a qualidade do movimento e cor;
  • Tamas: o princípio da coesão, estase e escuridão.

Sattva é a verdade e bondade. É luz. É a essência espiritual, a inteligência/consciência. É o mais subtil dos três e o mais próximo da divindade, daí que a sua predominância numa pessoa seja caracterizada por felicidade, contentamento, virtudes como a paciência, perseverança, capacidade de perdoar...

Rajas é paixão, desejo, actividade, energia, expansão e movimento. É o traço dominante quando a ganância, desejos e a inquietação surgem. Rajas fornece combustível aos outros dois Gunas: trás a acção. Dependendo se uma pessoa é predominantemente Sátvica ou Tamásica, Rajas trará as acções relativas a um dos dois.

Tamas é inércia, escuridão. É massa/matéria, é peso. É preguiça e monotonia. Vincula-se por meio da ignorância e da obstrução. Tamas é o mais básico dos três. A sua predominância é reflectida por apego a coisas mundanas, à ganância.

Quando falamos de acções humanas, o modo Sattva representa um comportamento perfeito ou ideal, que envolve todas as boas qualidades, como a honestidade, a justiça, disciplina, educação, pontualidade e entusiasmo no trabalho. Quando nos envolvemos neste modo, não esperamos nenhum retorno favorável para as nossas acções. Desenvolve-se um senso de dever e de sacrifício; ficamos emocionalmente equilibrados tanto no sucesso como no fracasso.
Rajas é calculista, com um bocado de egoísmo. O trabalho é realizado para cumprir a ganância material, e ao agir assim, preocupamo-nos apenas com o que é fácil e agradável para nós.
Tamas é activado quando fazemos algo num estado total de confusão, quando o nosso intelecto começa a fazer julgamentos errados, quando não temos consciência das consequências dos nossos actos.

De outra perspectiva,

Se usarmos o nosso intelecto no modo Sattva, devemos ser capazes de diferenciar o certo do errado;
O intelecto Rajas, que incide nos lucros, não está claro sobre o que é justo;
O intelecto Tamas é bom apenas em fazer suposições erradas. Ao contrário de rajas, tamas não está confuso sobre o certo e o errado, mas assume firmemente o errado para ser justo.

Na prática, a mente sátvica presta-se ao pensamento claro e criativo, que permite facilmente encontrarmos soluções eficazes para os nossos problemas. Então, precisamos de menores quantidades de rajas para implementar essas soluções, e de tamas para trazer essas actividades a um fim, quando o problema foi finalmente resolvido. 
Tamas e rajas em demasia perturbam o nosso equilíbrio mental e tem um impacto negativo na nossa vida.

A natureza básica da mente é criativa, ou sátvica, com rajas e tamas q.b. para tornar os desejos em realidade. É vital para a saúde e felicidade manter esse equilíbrio.
Ora nós, no Ocidente (e provavelmente no resto do mundo, nos dias que correm), fazemos muitas escolhas erradas, e começar na alimentação. E ao contrário da nossa constituição física, que é difícil de alterar, a nossa actividade mental depende muito dos alimentos que digerimos diariamente. Assim, é possível para nós escolher entre a consciência, a agitação ou a inércia, escolhendo os alimentos correctos.

[ E de alguma forma já deu para perceber que em Ayurveda, todos os caminhos vão dar à nutrição ]

Portanto assim como no contexto das acções humanas, também podemos classificar os alimentos como sátvicos, rajásicos e tamásicos.

Alimentos Sátvicos (ou satívicos):

- São frescos, suculentos, nutritivos, doces e saborosos;
- Dão a energia necessária ao corpo;
- São a base de estados mais elevados de consciência;
- São de fácil digestão, leves;
- Trazem clareza e percepção.

Alguns exemplos: frutas suculentas (manga, damasco, coco, figos, pêssegos, pêras, romã, banana madura, abacaxi, laranja (doce), framboesas; legumes frescos, espinafres, salsa, pepino, aipo, espargos; arroz basmati, batata doce, leite fresco, manteiga, ghee, nozes, amendois, ervas e especiarias.

Alimentos Rajásicos:
- São amargos, salgados, picantes, quentes e secos;
- Agitam, irritam e estimulam a mente;
- Aumentam a velocidade e a excitação do organismo;
- São por exemplo, alimentos satívicos que foram fritos num óleo, cozidos demais, ou reaquecidos.

Alguns exemplos: maçãs ácidas, batatas, couve-flor, brócolos, pickles, todos os alimentos salgados, picantes e ácidos; peixe, frango e marisco; leite azedo.

Alimentos Tamásicos:
- Secos, velhos, de mau sabor;
- São a base da ignorância, dúvida e pessimismo;
- Pesados, depressivos, que induzem o sono;
- Em moderação, promovem a estabilidade.

Alguns exemplos: Todo o tipo de comida processada (fast-food), fortemente industrializada, enlatados e congelados; alho, cebola; queijo; vegetais secos, reaquecidos, rançosos, difíceis de digerir; álcool; alimentos mal cozinhados; carnes vermelhas (porco, vaca, borrego).

Soube que os Yoguis (os verdadeiros!!) não consomem alho nem cebola e não tinha percebido o porquê, já que o alho é um forte antibiótico natural, entre outras coisas. Tentei procurar o motivo, e foi mesmo este. São alimentos tamásicos (alguns também os consideram rajásicos), o que significa que promovem a paixão e a ignorância. Para quem segue à risca o estilo Brahmana, apenas consomem alimentos satívicos, que promovem a meditação e estados de consciência superiores.
Ainda outra razão, porque ambos estimulam o sistema nervoso central, o que pode perturbar o acto do celibato (e o alho é um afrodisíaco natural..)!


Nota: Pode haver algumas diferenças na classificação dos alimentos como sátvicos, rajásicos ou tamásicos, já que há diferentes opiniões sobre as características de alguns alimentos.


Todos nós emitimos as três frequências.  Dependendo do componente predominante em nós, influencia a forma como nós:

- Reagimos a situações
- Tomamos decisões
- Fazemos escolhas
- Vivemos as nossas vidas





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